Memória da partida dos primeiros missionários para o Brasil

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No dia 19 de dezembro de 1910 os primeiros Missionários da Sagrada Família deixavam o aconchego da Casa-Mãe de Grave e partiam para a primeira missão da Congregação fora da Europa. O destino era o povo e as terras brasileiras, até então distantes e desconhecidos para a jovem congregação.

Quem eram esses missionários? Era um grupo de 7 jovens religiosos, dos quais 5 eram Padres e 2 eram Irmãos: Pe. João Henrique Paulssen, holandês, 33 anos; Pe. Alexandre Mertens, alemão, 39 anos; Pe. José Lauth, alsaciano, 32 anos; Pe. Luís Bechold, alemão, 31 anos; Pe. Germano Elsing, alemão, 26 anos; Ir. Boaventura Hammacher, alemão, 33 anos; Ir. Francisco Ramm, alemão, 35 anos.

As páginas do então recém-fundado Mensageiro da Sagrada Família deram a conhecer à Igreja e ao mundo a emoção que acompanhou aquele momento inesquecível. E um confrade registrou em versos: « Ta voile est prête, ami, pour de nouvelles plages / rapide, je la vois, sous le souffle de Dieu / s’élancer loin d’ici, vers les charmants rivages / qui sourirent un jour à ton âme de feu. (…) Frère, le peuple esclave au loin souffre et t’appelle / passez le cœur joyeux l’immensité des mers ; / annoncez leur bien haut la céleste nouvelle / le Christ Rédempteur par delà des déserts. »[1]

No mesmo número do Mensageiro, como conclusão da notícia desse acontecimento, podemos ler: “Ao Instituto do Pe. Berthier nosso afeto, e aos generosos missionários do Brasil a promessa das nossas preces, da nossa admiração e da nossa sincera afeição.” Mas como viveram e descreveram o início dessa aventura aqueles jovens e heróicos filhos do Pe. Berthier? Deixemos que eles mesmos nos falem, misturando mística e poesia, saudade e esperança.

“Ainda era noite. O céu ainda estava pontilhado por milhares de estrelas radiosas e o barco já levantava âncora e deixava o porto. Já navegávamos em pleno mar quando os primeiros raios do astro-rei brilharam entre as cordas do barco e se refletiram nas ondas do mar. (...) Enquanto Deus, inclinado sobre o abismo, com uma mão elevava o sol no oriente e com a outra retirava a lua e a estrelas no horizonte oposto, e ao mesmo tempo prestava atenção à súplica matinal de sua frágil criatura, nossos missionários saudavam, pela primeira vez sobre o mar, Aquela que a Igreja invoca justamente como Estrela do Mar, a Virgem Maria, pedindo que ela os guiasse com segurança ao porto que deveriam chegar.” [2]

Durante todo o tempo da travessia, em Grave os confrades uniam suas perces à dos missionários em viagem, recitando a Ave Maris Stella para atrair sobre eles a proteção de Deus. Assim, com a graça de Deus, segundo testemunharam os missionários, a viagem transcorreu sob um tempo esplêndido e o mar, calmo e tranquilo, refletia como um espelho o azul do céu.

Logo que chegaram ao Brasil, nossos missionários suspiraram aliviados e escreveram, plenos de gratidão e confiança: “Agradecemos ao Senhor a grande bondade que ele demonstrou a nós seus missionários durante a travessia do mar, mas não queremos esquecer também sua santa Mãe. Sim, continuemos a recomendar estes missionários a Maria a fim de que ela se mostre a eles como a verdadeira iluminadora e mestra dos apóstolos; que ela os proteja nessa nova caminhada assumida por causa do seu Filho, a fim de que todos os seus trabalhos sejam úteis à salvação.”

Asim iniciava, há 98 anos, a aventura missionária dos Missionários da Sagrada Família. Que o Espírito Santo nos sustente na fidelidade criativa ao carisma que eles viveram no tempo deles.

Pe. Itacir Brassiani msf

[1] Pe. Júlio Maria de Lombarde, “Aux premiers Missionaires de la Sainte Famille”, in :  Messager de la Sainte Famille, année VIII (Février 1911), p. 39. “Tua vontade é pronta, amigo, para novas praias / eu a vejo ágil sob o sopro de Deus / lançar-se para longe, rumo a belas margens / que um dia sorriram à tua alma de fogo.  (...) Irmão, ao longe um povo escravo sofre e chama; / teu coração atravesse feliz a imensidão do mar; / anuncie com força a ele a celeste boa notícia / que atravessa desertos, o Cristo Redentor”.

[2] Messager de la Sainte Famille, année VIII (Mars 1911), p. 77-78.

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